Nerds fazem acampamento para quebrar recorde de "tunagem" de PCs

12 amigos, barracas, fim de semana prolongado em Campinas, no interior de São Paulo. Esses parecem ser os elementos de um acampamento comum, mas não são, já que em vez do violão eles vão levar 16 processadores de computador e o galão de cerveja deu lugar a um tambor de nitrogênio líquido para resfriar as máquinas.
Esses caras, que se definem como "malucos, nerds e insanos", vão se reunir em uma casa na cidade com a missão de quebrar recordes de "overclocking", espécie de esporte tecnológico em que o objetivo é fazer com que as máquinas trabalhem a uma velocidade bem maior do que o projetado.
Os acampantes fazer parte da equipe da OverBR, uma equipe brasileira que faz apresentações e participa de competições na categoria. A ideia é fazer com que o computador chegue a um desempenho fora do comum, mas sem estragá-lo. A técnica permite que o processador trabalhe de duas a três vezes mais rápido, sem "travar".
Para isso, eles fazem alterações na estrutura da máquina e usam até nitrogênio líquido - material muito usado para congelar material biológico em laboratórios, como embriões - para esfriar o sistema a temperaturas de -170ºC. Se o equipamento estiver a -120ºC já está quente demais, o que prejudica a performance do sistema, e vai precisar de uma dose a mais de resfriamento. Sensores e outros equipamentos verificam o desempenho do processador.
Os pontos conseguidos na prova são calculados com base no desempenho conseguido pelo sistema e o tempo que a equipe levou para conseguir o feito. A validação do resultado é feita pela HWBot.org, uma associação de adeptos do "esporte".
O objetivo dos brasileiros é somar pontos e quebrar recordes de desempenho da organização. No total, entre este sábado (31) e segunda-feira (2), eles terão cerca de 20 horas para realizar o procedimento e somar os pontos.
O analista de hardware Carlos Alexandre Duarte, conhecido no meio como Xandelly, conta que eles vão ficar acampados em barracas para duas pessoas dentro de uma casa de 70 m² em Campinas e vão trabalhar sem parar, fazendo revezamento em turnos para que os técnicos descansem um pouco. O "acampamento nerd" não se parece em nada com os "tradicionais".
– Aqui todo mundo é fanático por tecnologia, louco mesmo. Ninguém bebe. Se tiver uma mulher pelada no quintal, vamos deixar ela lá tomando sol e continuar na frente do PC, porque gostamos disso.
Entre os integrantes do time estão engenheiros, biólogos, médicos, biólogos, dentistas e agentes da Polícia Federal - todos entusiastas da prática. Cada um vai levar uma parte dos equipamentos, então se algo der errado eles vão ter de arcar com o prejuízo. Os participantes são submetidos a uma rotina bem rígida, conta Xandelly.
– A gente vai ter só um churrasco de confraternização. Coisa de três horas para não perder tempo. Não tem essa coisa de sair para ir ao shopping, porque isso quebra o espírito da equipe. Vamos virar três dias em esquema de revezamento para chegar aonde queremos.
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